Era para ser o momento mais íntimo da vida de Bernard Thrower. Mas, enquanto o empresário de 36 anos de ajoelhava perto do memorial a John Lennon, no Central Park, e pedia em casamento a mão da namorada, Seema Vashanty, havia uma figura vestida de preto no meio de um arbusto ali do lado. Apontando algo para o casal que chorava de emoção.
O coreto do Central Park foi palco de um pedido fotografado há alguns meses (Foto Vlad Ledo Divulgação)
Quinze minutos depois, Bernard abraçou a figura longilínea que, pela toca cobrindo o rosto, poderia ser confundida com um ninja. Era mais um dia de trabalho de Vlad Leto, um russo que mora em Nova York se especializou em se esconder para fotografar pedidos de casamento.
O objetivo das fotos espontâneas é capturar a reação e quem é pedido em casamento (Foto Vlad Ledo Divulgação)
“Meu Deus, [as fotos] ficaram lindas”, disse o noivo Thrower vendo uma prévia das imagens que receberia em alta resolução dali a dois dias. “A cara dela parece coisa de filme, é tão real!”
Casal recém-noivado no Central Park, com serenata ao fundo (Foto Vlad Ledo Divulgação)
É esse o objetivo de Leto, que cobra US$ 250 (cerca de R$ 750) pela sessão. A taxa inclui uma primeira reunião para mancomunar táticas: “Eu preciso conhecer bem o lugar onde será o pedido, já pensar em onde posso me esconder e até em alternativas, caso o lugar esteja muito cheio ou comece a chover”.
Após o fim do musical da Broadway, o pedido foi feito no palco, com Vlad na plateia (Foto Vlad Ledo Divulgação)
Mas o terreno costuma ser bem conhecido. Leto conta que em mais da metade das 300 vezes que saiu para fotografar um pedido, acabou no Central Park. “É um parque enorme, com muitos lugares românticos. Os noivos gostam.” No pódio da popularidade também figuram o ringue de patinação do Rockefeller Center, no inverno, e as balsas que passam por perto da estátua da liberdade, no verão.
A fonte com estátuas de personagens do livro “Alice no País das Maravilhas” foi testemunha do pedido (Foto Vlad Ledo Divulgação)
O emprego nasceu como forma de pagar o mestrado de fotografia que ele termina neste ano. “Eu já tinha sido garçon, distribuído folhetos, e decidi que conseguiria ganhar algum dinheiro e usar minha arte se fotografasse casamentos. O irmão de um noivo cujo casamento eu tinha fotografado me perguntou se eu não toparia fazer as fotos do pedido surpresa que ele faria à namorada dali a uma semana. Eu topei.” Depois de ver a alegria do casal revelada nas fotos, ele decidiu abraçar o nicho.
Pedido de casamento no High Line, parque linear no bairro do Chelsea, em NY (Foto Vlad Ledo Divulgação)
Não que o esquema de guerrilha sempre dê certo: “Uma vez, meu telefone congelou por causa da noite muito fria no Central Park e parou de funcionar. E em outra eu perdi o casal de vista. Mas acontece muito pouco”.
Autorretrato do papparazzo de pedidos de casamento, Vlad Leto (Foto Vlad Ledo Divulgação)
E o que fazer quando se presencia um não, o que deve ter acontecido em ao menos um dos 300 pedidos que ele fotografou? “Eu vou embora discretamente, finjo que nunca estive lá e essas fotos nunca verão a luz do sol. Mas quem me contratou vai ter que pagar minha saída, porque eu controlo a beleza das fotos, e não as reações das pessoas.”
————————–
Curta a página do “Digo Sim” no Facebook aqui.