Kamilla se vê nas telas da Fnac, enquanto é pedida em casamento
O que os Mamonas Assassinas cover juntaram, o homem não separa.
Rodrigo Silva, 25, era figurinha fácil na casa noturna de rock da zona leste de São Paulo. “Ia sempre. Para me divertir, bebia bastante.” Naquele fim de semana, não planejara a noitada porque tinha que tirar um dente do siso. Mas, por ironia, a própria dentista teve de retirar um dente inflamado no dia. E lá ele foi.
Kamilla Xavier, 23, era figurinha dificílima na mesma balada. Inédita, até 7 março de 2010. “No dia nem estava muito a fim de ir, porque nunca tinha ido lá e não gostava muito de rock pesado, mas uma amiga minha me chamou e disse que era cover dos Mamonas Assassinas, então decidi ir”, conta ela.
E as figurinhas se conheceram (e se grudaram) nesta noite. Falaram sobre horóscopo e faculdade antes de se beijarem. Na hora de dar tchau, ele anotou Camila, “como qualquer pessoa, com cê e um L só” na agenda do celular. “Mas só dava caixa quando eu tentava ligar.” Foi procurar no Orkut e não encontrou, pela falta de um K e de um L na grafia.
Dois dias depois, ela colocou crédito no telefone e retornou a mensagem de texto que ele havia mandado. Repetiram o encontro. E de novo. “Acho que não acontece com muitos casais, mas no primeiro mês de namoro, já dissemos um para o outro que nos amávamos e com três meses de namoro já falávamos de casamento”, diz ela.
Falavam mas ainda não tinham ideia de concretizar. Até que Rodrigo decidiu usar sua competência de editor de vídeo, como ganha a vida, para fazer a pergunta.
“Não sei dizer qual foi o ponto exato em que decidi pedi-la. Foi desde sempre, sem marco zero.”
Montou um vídeo com imagens dos dois, ao som da trilha sonora de “Crepúsculo”. “Demorou só uma semana. Demoraria mais normalmente, mas eu tava muito empolgado.” E foi procurar um lugar público para exibi-lo.
Primeiro tentou as Casas Bahia de um shopping de Santo André. “A galera foi rigorosa, pediu que fosse muito rápido e sem barulho.” Mas ele queria mesmo chamar atenção.
Foi à Fnac da avenida Paulista. O gerente de livraria deu o aval. A ideia era passar na TV, mas a loja se ofereceu para colocar em todas as telas do estabelecimento e ainda usar o microfone da central de antendimento ao cliente para ele tascar a pergunta.
Marcaram para a 17 de março. Só que esse domingo amanheceu chuvoso, e o álibi preparado por ele, comprar uma TV com um casal de amigos, ameaçou ir por água abaixo. Ligou para ela e perguntou “Você quer ir?”. Ela pensou um pouco e respondeu “A gente prometeu, né?”.
Foram. Ao chegar na loja, a amiga ficou distraindo Kamilla enquanto Rodrigo fazia os preparativos. “Fiquei só de longe, tremendo e suado.” Ele deu o play. O vídeo falhou um pouco. Recomeçaram a exibição e ela percebeu na palavra “morr” (como ele a chama) que as mais de 30 telas de TV falavam com ela.
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Terminado o vídeo, era a hora do anúncio público. Ele tinha pensado num texto para pedir em casamento. “Mas esqueci tudo na hora. Preciso ver o vídeo para me lembrar o que falei.”
Ela se lembra perfeitamente de o que falou: sim. “Modéstia à parte, não fiquei com medo de ouvir um não”, diz o editor de pedidos.
Rodrigo e Kamilla se casam no espaço Gemini, em São Caetano, em 7 de março de 2015, cinco anos depois de se conheceram. Felicidade aos noivos.


