O estudante de contabilidade Fernando Rodrigo de Oliveira, 29, não acreditava que estava vendo aquilo. Talvez fossem as lágrimas que formavam uma camada na frente dos olhos a produzir uma miragem na noite de Uberaba.
Não, era isso mesmo, constatou ouvido a frase que se seguiu à flexão de joelhos: sua namorada Cynthia Cris, 26, estava lhe pedindo em casamento em seu bar predileto, com família e amigos como testemunha.
“Você quer se casar comigo?”, repetiu a estudante de direito.
A o que Fernando respondeu:
“Mas é o homem que faz isso!”
E, cinco segundos depois:
“Sim, é claro que sim!”
Para o alívio das palmas que coçavam as mãos de todo o mundo que lotava o bar MPBeco, no centro da cidade do Triângulo Mineiro, em 28 de julho.
Depois de ter a mão pedida, Fernando se ajoelhou e retribuiu a pergunta
Cynthia já reincidia no comportamento de insistir nesse amor. Para levantar sua ficha, é preciso voltar ao dia 10 de setembro de 2010. Foi a noite em que um amigo em comum levou Fernando até a casa dela, antes de uma festa.
Ambos tinham acabado de sair de um relacionamento e não tinham a menor vontade de entrar em outro. “Eu estava muito desinteressada, achando que os homens do mundo não prestavam.”
Isso até trocar uns três olhares e duas palavras com Fernando. “Renasceu ali alguma coisa”, para ela. Mas não muito para ele: “Eu tava um pouco esquivo no começo. Não queria muito, porque tinha acabado de terminar um relacionamento longo e tinha sido difícil”.
“Fui atrás mesmo. Tive interesse no primeiro encontro, ele só a partir do terceiro”, conta Cris. Infelizmente, o terceiro encontro foi no dia da morte do pai dele. “Eu fui consolar, ele me deu um abraço bem forte e agradeceu por eu ter ido.” A partir desse dia, deixou de procurá-lo e ele passou a procurá-la. “Até então eu achava que não ia dar certo”, confessa a perseverante.
Mas deu certo. Certo o suficiente para ela, no segundo ano de namoro, começar a pensar no casamento. “Era hora. Decidi.”
Levou dois meses só para contar para as amigas que decidira se ajoelhar para Fernando. E mais quatro meses planejando. “Eu estava morrendo de medo das minhas amigas.” Chamou o grupo em casa, comprou salgadinho e pediu que se sentassem. “Já sei, você tá grávida”, disse uma. Não exatamente. “As bocas caíram quando contei, mas elas me apoiaram demais!”
Buscou na internet o exemplo de outras mulheres se ajoelhando e oferecendo aliança. “Comecei a ver vídeos de lésbicas fazendo o pedido.” Decidiu que perguntaria com a ajuda de um vídeo, na frente de família e amigos, no MPBeco, boteco onde ela se deu conta que o relacionamento ia para a frente.
O pedido foi no domingo 28 de julho. Enquanto ela estava presa no banheiro, onde passou umas duas horas tomando coragem, os amigos sentaram o futuro noivo e o fizeram ver o seguinte vídeo:
[youtube byLUV8EWvt0 nolink]
“Saí do banheiro e fiz. Tremendo, mas fiz”, lembra ela. Um dos convidados a puxou de lado e disse: “Eu vou para casa e pedir minha mulher em casamento”
Ainda não marcaram data. “Ele está cheio de segredinhos.” Nem tanto: “Agora é minha hora de agir. Tenho que fazer alguma coisa pra pagar de volta”, promete ele. Felicidade aos noivos.



